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América do Norte, década de 80. Surgiam as American IPAs a partir da utilização de lúpulos Americanos, que até então eram considerados muito cítricos e frutados para serem usados na produção de cervejas. A cultura de gerar, produzir e beber localmente foi capaz de difundir novos caminhos sensoriais que se expandiriam e novas experiências e, consequentemente, matrizes de diversas outras.

Foram nascendo diversos ícones, cervejas, fábricas, profissionais e também alguns lúpulos. No início, foram se consolidando os lúpulos que já estavam em processo de desenvolvimento e análise há algum tempo. Mas aos poucos começaram a surgir mais variedades.

Em 2000, o ciclo médio de desenvolvimento de um novo DNA de lúpulo era de 20 anos (até sua consolidação).  Esse ciclo foi se tornando cada vez mais curto e, com isso, a variedade de lúpulos crescendo exponencialmente.

Em algum momento “circa” 2005, surgiram as NE IPAs. E mais uma vez características estruturais sofreriam mudanças consideráveis: a cerveja ficou turva, a presença de trigo e aveia se tornou corriqueira e expressiva em quantidade, o amargor não era mais tão marcante e rústico, lúpulos agora com características extremamente tropicais e as leveduras com maior produção de ésteres. O aroma explosivo se tornou mandatório e o mouthfeel aveludado se tornou essencial.

Esse shift, gerou novos gostos e padrões. Mas será que com isso deixamos crescer um apreço unidimensional em um mundo tão vasto de DNA’s (de lúpulos) e todas as suas diversidades e possibilidades? Talvez algumas características se tornaram “obrigatórias” e com isso estamos reduzindo/ afunilando nossa própria capacidade como receptores sensoriais.

Quando criamos uma nova IPA (ou DIPA ou TIPA, etc), temos uma missão fundamental: criar junto uma nova experiência. Novas sensações, novas experiências e novas possibilidades, mesmo que transitando no mesmo universo de estilo. 

A busca interminável por novas ideias, processos e novos ingredientes é um desafio que nos motiva a seguir em frente, mesmo em meios e tempos tão adversos. Explorar, caçar, localizar e viabilizar um novo insumo (como uma cepa de levedura ou uma nova varietal de lúpulo) que tenham características além de agradáveis e fora do usual, é o desafio que nos move! 

Não temos medo de criar IPA’s com característica exóticas, seja remetendo a um verde agressivo, a rosas ou até mesmo ao zimbro, como exemplo, são os casos da DOUBLE FEATURE, da HATE MONDAYS e da INNOCENT BYSTANDER, respectivamente. 

Não temos medo de criar IPA’s com insumos experimentais e embrionários (como é o caso da Sticky Fingers), que trabalhamos com a primeira colheita de lúpulos dos produtores locais da Serra do Espinhaço! 

Não temos medo, mesmo sabendo que estas são características com o perfis consideravelmente menos comerciais do que o padrão “tropical” e “maduro” e que provavelmente teremos dificuldade em “fechar as contas” por causa dessas aventuras. Assim o fazemos e assim encorajamos! 

Mas isto não é fato impeditivo da busca pelo equilíbrio, mesmo em circunstâncias extremas como aquelas que onde abusamos na quantidade de lúpulo utilizado. 

Pra nós, equilíbrio não significa comedido, e sim uma experiência agradável. Pra nós, não é suficiente um aroma explosivo, se o sabor não corresponde. Não nos agrada terminar o copo com entusiasmo diferente de como começamos. Pra nós, não é admissível ter elementos que atropelem o frescor da cerveja e do lúpulo. Pra nós, não é suficiente a mesmice que não traz inovações, por preguiça de enfrentar as dificuldades comerciais. 

Que o Consumidor, o mercado e o produtor fomentem esse fluxo para que possamos ter excelentes profissionais continuando a gerar esses novos genomas que nos trazem novas experiências! 

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